Ele entrou, devagar como sempre. Olhou ao redor, nenhum barulho. "Ah, como é bom quando a casa está vazia!" Foi até a sala, sentou no sofá, ergueu as pernas, puxou a perna esquerda e jogou longe o sapato, puxou a direita, devagar o sapato caiu enquanto era visado o controle remoto. Ligou a tv, rancou as meias dos pés. Rafael achou estranho ninguém estar em casa, sua mãe, pai, irmã. Nem a namorada que sempre o aguardava estava lá. De qualquer forma, preferiu assim. Mesmo porque, quando havia alguém em casa, as luzes ficavam acesas. Naquele dia, tudo apagado. Foi até a cozinha, ouviu um barulho estranho e "cala boca rex!!". Abriu a geladeira, e contemplou o antro de perdição. Primeiramente pegou o leite, podia até ouvir "não é pra beber na caixinha, seu porco", um sorriso se abriu e deu aquela golada na caixinha. Ergueu a mesma e disse: "essa é pra você mãe!". Mas ele nem queria o leite. Queria sim aquele chocolate de sua irmã "o chocolate é só meu". Lascou uma dentada de dar inveja a qualquer pitbull. Dava risada sozinho, quando um gás veio de dentro. "Que hábito horrível esse de arrotar Rafael", ele arrotou, ou melhor, declarou seu amor à Natália. Foi o "eu te amo" mais grotesco já pronunciado. Não satisfeito soltou um peido alto. Ele parou de repente, ou ele enlouquecera ou sua bunda tinha dado risadas ao peidar. Coisa mais estranha. Peidou de novo. Novamente risadas. Mas as risadas não saiam da bunda dele. Foi até o interruptor e acendeu as luzes: - Surpresa!!!! Todos familiares e amigos na cozinha, dando risadas e batendo palmas. A festa surpresa explicada pela faixa que cobria-lhe a cabeça: "Feliz Aniversário". Ele não falou nada.