"Uma história que começa com vista no fim está fadada ao fracasso"
Dezenove e meia quando ele se levantou, pegou sua mochila e jogou-a nas costas ajeitando cuidadosamente as alças. Já fazia um tempo que sua rotina era essa. Todo domingo ao mesmo horário o despertador tocava, ele pegava suas coisas, se despedia e partia. Ela, também se levantando, demonstrava ao abrir seus braços que a partida também era sentida por ela. Ele a abraçou, fazendo com que ela se sentisse protegida. Apesar de tudo, a rotina nem sempre é seguida. Naquele dia os dois se entreolharam, sabiam que a saudade não esperaria a partida. Já estava instaurada naquele abraço, naquele olhar. Ele, com toda simplicidade possível desejou: - Você poderia vir comigo até o terminal hoje... A viagem de duas horas, que era feita todo final de semana por ele, tinha sua chegada e partida do velho terminal rodoviário da cidade. Este ficava a três quilometros da casa de sua namorada. Um caminho que ele percorria a pé para aproveitar maior tempo com ela, pois não havia circular(lotação) compatível com seu horário. Naquele momento ele pediu que ela percorresse todo trajeto com ele. Ela com mesma simplicidade respondeu que sim... Andaram, chegando ao ponto, onde após longo abraço ele embarcou. Logo ela seguiu ao guichê do terminal, entrou e sentou esperando a próxima condução. Atentamente ele olhava do ônibus, que ainda aguardava a entrada de todos passageiros, para aquela menina ali sentada. Com um sorriso contido, os cabelos lisos correndo sobre seus ombros como um manto. Ela estava linda e ele sabia que a felicidade estampada no rosto da menina era por sua causa. Então ele pensou que enquanto houvesse um linha que os ligasse, fosse de ônibus, carro, moto, fax, email, telepatia...aquilo que sentia não acabaria. O fim não existia para eles, não há fim para quem ama...