Copo de uísque

Um Cara Que Não Presta

Segue a descrição plagiada de um site: "O Cara Que Não Presta ao qual me refiro é aquele desgraçado que é inteligente, engraçado, divertido, culto, acha futebol um saco e nunca fala sobre carros. De preferência, ele nem sabe dirigir."


Hoje quando cheguei a minha cidade após mais uma viagem de duas horas, em um ônibus que mais parecia uma lata de sardinhas, chovia. Analisando que faltava um km para chegar a casa, e que já estava na chuva, resolvi me molhar, e ir andando para casa.

Gosto de andar na chuva. Em um padrão de coisas que gosto de fazer isso se iguala a tomar tereré, a dormir cinco minutos a mais, e a ouvir led zeppelin “às alturas”. Por coincidência, caminhava com uma camisa do led, velha de guerra, toda desbotada e molhada.

Estava tudo indo bem, a não ser o chinelo que estava ficando encharcado. Via as pessoas correndo ao meu lado e, sinceramente, não entendia porque elas corriam, a chuva estava tão boa.

Chegando mais próximo de casa, no mesmo passo, cheguei a uma avenida bem movimentada, que pareceu se esvaziar para eu passar. Comecei a lembrar de uma vez que estávamos no carro, eu e minha família, num semáforo como aquele, num dia como aquele, e na frente do carro passou um cara, de calça e chinelo de dedo, com os cabelos caindo por cima dos óculos. Ele olhou para dentro do carro, tenho certeza que me olhou nos olhos. Meus pais estavam falando que ele era louco, andando na chuva daquele jeito, e ainda de chinelos, eu só via os olhos. Quando parou de me olhar eu vi o anjo na camisa dele, que ele também esticava para ver.

Atravessando um lado da pista me lembrei daquilo, na verdade quando a historia esta na sua cabeça não demora tanto como um relato. Quando parei no semáforo do outro lado os carros passavam, e me molhou mais, somente um carro não conseguiu passar antes de o sinal fechar, ao olhar aquele carro havia uma família, e entre os bancos da frente havia a cabeça de um piá, do qual pude ver os olhos. Minha mente parou, e quando voltou a funcionar a historia bateu de novo nela como uma marreta. Olhei minha camisa e lá estava o anjo molhado.

Não sorri, não me assustei e não olhei de volta para o carro, apenas entendi e segui....