Dez horas da manha, quando ele acordara. Adolf logo sentiu a mão de sua amada sobre seu peito. Nua, ela repousava levemente sobre o corpo dele. Levantou-se, deslocando o corpo de Sophia sem que essa acordasse. Deu uma ultima olhada no quarto, em cada detalhe, pegou sua jaqueta, a vestiu, e sobre ela a mochila preta. Quando já saia do quarto um sopro lhe veio aos ouvidos.
- Aonde vai amor?
Não gostava de despedidas. Faltariam palavras pra explicar à Sophia que apesar de tudo parecer estar tão bem, nada estava para ele. Não saberia como dizer que sua vida tinha que tomar um outro rumo, que nem ele saberia qual, e que não poderia fazer com que ela abandonasse tudo para segui-lo.
- Vou preparar nosso café da manhã.
Os olhos fechados dela, ao fazer a pergunta, simplificaram as coisas e ele nem teve que mentir. Foi para a cozinha, preparou um café da manhã digno de um eterno apaixonado. Enfiou qualquer coisa na mochila, seria para a viagem. Sobre a bandeja, entre o iogurte que ela adorava e o mamão cortado em cubos, colocou um envelope. A carta havia sido escrita por toda semana, contava que iria buscar um novo lugar, uma nova vida. Que a amava e estava feliz. Mas precisava de uma nova razão, de uma nova luz. “Para encontrar a luz precisamos enfrentar a escuridão do túnel.”
Pegaria um ônibus, cruzaria o país, e pararia no lugar certo. Qual era o lugar? Quem seriam os novos personagens da sua vida ele não sabia. Pararia no primeiro lugar que se sentisse confortável. Certeza só uma, tudo aquilo era necessário.
Colocou a bandeja sobre a mesinha de centro, lágrimas enchiam-lhe os olhos. Pegou uma foto do casal e pôs na bolsa, nunca esqueceria de Sophia. Despediu-se com o olhar de cada centímetro daquele apartamento, abriu e fechou a porta. Fora-se.