Conheceu-se como qualquer outro casal, em um churrasco o rapaz derrubara cerveja na saia mais cara dela, ao tentar limpar derrubou mais um pouco em seu sapato. A discussão seguiu até descobrirem que de nada ia adiantar eles brigarem. Ele era engraçado, conseguiu transformar o trágico em cômico, e começaram a conversar mais calmamente, tocando um a mão do outro. Com as pulseiras dela ele brincava, e não se sabe por esquecido ou por esperto, acabou ficando com uma no braço...
Combinaram mil e uma formas de se encontrar de novo, boate, barzinho, sukiaki ou caldo de piranha, tudo passou pela mente. Todavia, no dia esperado nada estava certo. Encontraram-se em uma praça qualquer, por sinal a única sem banco onde pudessem se sentar, numa cidade onde o que mais se tem são praças.
Saíram a caminhar pela cidade, procurando algo pra fazer. Uma tosse crônica que atingira a guria e os impediu de tomar um sorvete para refrescar o calor “infernal” do lugar. Ainda na busca do que fazer ele sugeriu:
-Estamos perto do cemitério, as melhores frutas são colhidas lá. Adubo natural, sacas? Ta a fim de comer algo?hhaaha
-Não, haha. Mas eu quero dar uma volta no cemitério...
Tornou-se um passeio gótico-cômico, admirando as tumbas (ops, túmulos) e tirando sarro dos nomes dos falecidos:
-Emengardina, vou por esse nome na minha primeira filha!
-E quantos filhos quer ter?
-15! 11 homens e 3 moças.
-Mas a soma dá 14...
-Hoje em dia temos que deixar um para o erro, indefinido. Ali, Astolfo, esse é o nome do meu primogênito...
Dias se passaram, eles se apaixonaram e num gesto romântico ele finalmente devolveu a pulseira...
-Porque está me devolvendo isso só agora? Não pode ser por esquecimento...
-Não é...Eu precisava de algo pra me lembrar de você. Agora, só penso em você, posso devolver...
A troca de olhar foi tão intensa, e a empolgação tamanha que, no mesmo momento que ele levantava seu tronco para beija-la, ela abaixava o rosto. Três pontos no supercílio direito dele, dois pontos no lábio superior dela, e um dia cheio de risadas, que faziam o lábio dela doer.
Um outro dia qualquer:
-Princesa, você está quente, está com febre!
-Você que está frio!
-É serio, tem que tomar remédio...
-Mas eu tenho alergia a alguns remédios, não sei qual posso tomar...
-Toma esse que nem vai te dar problemas...
Horas depois se encontraram, na ala de emergência do hospital, ele com hipotermia e ela com uma convulsão alérgica...
Dizem que o amor é uma flor roxa que nasce no coração do troxa, mas nunca dizem que são rosas...