Copo de uísque

Um Cara Que Não Presta

Segue a descrição plagiada de um site: "O Cara Que Não Presta ao qual me refiro é aquele desgraçado que é inteligente, engraçado, divertido, culto, acha futebol um saco e nunca fala sobre carros. De preferência, ele nem sabe dirigir."

“Quem a pedra certa atirar uma surpresa terá”


Isso estava escrito em uma placa à beira do rio mais enevoado que eu já havia visto. Aquela paisagem no interior do Paraná não era tão comum, muito menos uma placa com tais dizeres. Estávamos em três sujeitos, três amigos. Ao que Pedro diz:
- Alguém entendeu algo, ou isso parece tolice para vocês também?
- Tem algo estranho por aqui. Sempre acampamos por aqui e nunca vi essa névoa. – disse eu.
- Vejam, três pedras – exclamou Alex, o mais novo.
Nem havíamos notado, mas ao lado da placa de madeira antiga estavam três pedras. Uma verde, parecendo esmeralda bruta; a segunda grafite e tinha aspecto de pedra de construção suja de pó de cimento; a terceira era a maior e era transparente como diamante. Cada um pegou uma e voltamos a olhar a placa. Era óbvio que uma delas era a certa. Mas qual?
- Aqui tem uma inscrição “atire” – Alex que segurava a pedra transparente – vou atirá-la!
E assim foi, atirou a pedra. Todos vimos a pedra entrar para névoa, e depois de dois segundos Alex ser alvejado por tiros vindos de todos os lados. Não havia dúvida, estava morto nosso amigo.
Pedro e eu entramos em pânico, estávamos em uma história como aquelas que vemos nos livros, e Alex era um daqueles que morrem primeiro.
O suspense demorou um tempo até que eu virei a minha, a pedra grafite:
- Olha, a inscrição dessa é apenas um “a”.
- E na minha está “pedra”, “atire a pedra” – Pedro que pensou e concluiu – só pode ser isso, atire a pedra, e a pedra é a minha que está escrito pedra.
- Não tenho tanta certeza – ponderei.
- Cala boca Rafael, o Alex acaba morrer e você ainda não quer ver o que está na sua cara. Eu vou atirá-la. – e assim o fez, atirando a pedra quer sumiu contra a névoa.
Houve um silêncio e esse se tornou perpétuo para meu amigo, que logo tornou-se pedra.
Não agüentei um amigo ensangüentado e o outro petrificado, cai no chão e as lágrimas corriam. Minha pedra correu para a beira do rio e eu me levantei pra chutar a placa. Não sabia o que fazer até que veio a minha mente “se eles morreram tentando, de que vale minha vida covarde?”
Fui até minha pedra e a peguei. Ao rever a inscrição vi que a água havia retirado o pó que cobria a pedra, e facilmente pude ler por completo “esta”, “atire esta pedra”. Se tivesse limpado a pedra antes talvez nem Alex, nem Pedro, teria morrido. Apanhei a pedra e atirei com todas minhas forças contra a névoa.
Uma, duas, três, quatro e cinco quicadas na água até sumir na névoa. E “Pahhhh”.
Fiquei ali, esperando quando um clarão quase me cegou. Ao recuperar a visão só tive tempo de ver a pedra voando em direção a minha testa e uma voz no fundo.
“Atira a mãe pra ver se quica!”

Moral da história: Se dois de seus amigos já morreram tacando pedras na névoa por que você tem que dar uma de idiota e fazer o mesmo?