Copo de uísque

Um Cara Que Não Presta

Segue a descrição plagiada de um site: "O Cara Que Não Presta ao qual me refiro é aquele desgraçado que é inteligente, engraçado, divertido, culto, acha futebol um saco e nunca fala sobre carros. De preferência, ele nem sabe dirigir."

Era tarde e a lua já brilhava com toda sua força, quando seu telefone tocou:
- Adolf? É você?
- Sim, pode falar Mariana.
Adolf sempre fora um ótimo ouvinte, apesar de nunca ter uma boa audição. Mas aquela voz nunca passaria despercebida, pois era a voz da menina de seus sonhos. A voz de Mariana era daquelas que fazem nosso coração bater mais rápido, nossos ouvidos ficarem mais aguçados, nossa boca trêmula e, em alguns casos, é possível até sentir o cheiro da dona da voz.
- Eu queria conversar... ahm...será que você...será que...
- Quer que eu vá ai?
- Preciso.
Mariana era vizinha dele e logo ele estava lá. A casa dela era coberta de tapetes persas, além de muitos outros detalhes “árabes”. Toda vez que Adolf chegava lá reparava em cada detalhe. Ao chegar à sala, onde ela se encontrava, pegou na mão uma xícara detalhada que ele gostava de segurar, a asa era banhada a ouro e dava uma sensação de riqueza a ele.
- Você gosta desta xícara, não é? Um dia dou ela a você.
- E sua mãe te corta a cabeça.
- É, mas você merece.
- O que aconteceu?
Então ela pôs-se a narrar um de seus muitos amores a ele. Adolf, por ser dois anos mais novos que ela, nunca acreditou que seria ele um daqueles, mesmo com o desejo que sentia por aquelas carnes. Logo, ouvia pacientemente todas as história e às vezes arriscava algum comentário.
Naquele dia, porém, a conversa foi se desenrolando naturalmente, e apesar de seus treze anos Adolf começou a sentir um calor em seu corpo. O desejo que surgia era atiçado pela pequena que vestia apenas seus pijamas. E quando é puxado para o assunto com um susto, ou melhor, uma pergunta:
- Adolf, você me beijaria?
A resposta era tão óbvia que seus lábios se pregaram e a única coisa que saiu foi:
- Ahm?
- Isso mesmo. Você me beijaria, agora?
- Mas por quê? – recuperando-se do baque que a pergunta havia provocado.
- Porque eu preciso, porque eu estou pedindo...
- Então a resposta é não. Mesmo podendo te garantir que isso é o que meu corpo deseja. Se eu te beijo agora, você estará me usando pra esquecer esse cara, e eu não vou passar de uma piada na tua vida. Agora, quando for “porque eu quero”, ou ainda, “porque te desejo” minha resposta será muda, com um beijo que jamais esquecerás.
E esse beijo nunca aconteceu, assim como nunca ganhou aquela xícara, não lhe pertencia. Foi a primeira vez que Adolf, um cara que não presta, dispensou um beijo. Naquele tempo se arrependeu profundamente, mesmo sabendo que havia se portado de forma correta.

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Destino: a história de Adolf, um cara que não presta assim como eu.
Destino...
Destino II
Destino III
continua...